
“AMOR NO DRIVE-IN POR FAVOR, NÃO ME COVID”
Conta a história de Maria Clorokyna de Jesus, interpretada por Vanessa Goulartt, cuja maior proximidade com o atuar é fazer freelas pra bacanas. E é assim que tudo começa: com ela saindo de uma festa clandestina do DJ Alok, fantasiada e achando que saiu de “E O Vento Levou”, onde atendeu até Glória Maria. Perdendo-se num devaneio que ela mesma não sabe se foi por alguma bebida batizada ou drogas (debochando da cloroquina no nome), é quase atropelada em pleno estacionamento por um ator altamente sedado pela vida ilusória que vive, também fazendo jus ao seu nome, Fakenewsson da Silva, interpretado por Ken Kadow.
É neste embate existencial entre os dois que a inventividade do criador se embasou para transpor fatos reais e fictícios, além de discursos dos mais diversos, envolvendo políticos, personalidades, apresentadores de televisão, cantores e modelos – para resumir numa grande alegoria onírica, por conta de um ‘vo-to-fa-ke” numa certa eleição que, de certa forma, condenara a jovem aspirante a atriz a um eterno questionamento do que é certo e do que é errado, estimulado por um pseudo-ator, que já não estranha mais nada, porque desde sempre viveu num mundo ‘empty’.
“... Empty! Empty! Vazia, comigo, não! No dia-a-dia da rotina, só com Clorokina. Sou dura na queda. E apesar da máscara, sou sincera. E romântica. Órfã, mas austera. Amo cinema, romance e detesto quimera. Nada de chroma key. E amo caras que abrem a porta do carro pra mim. Nada a ver com subjugação da mulher e esse feminismo metido. Gosto do que faz sentido. Isso sim, é democracia, Fakenewsson.”
Num discurso inicial pra lá de estimulante, onde uma voz, imitando certo governador dá os detalhes da encenação, os espectadores, devidamente posicionados em seus carros (até 4 por carro), terão muito pra ver e se divertir, desde músicas temáticas da época da ditadura militar, passando pelos anos 80 até hoje, somadas a efeitos sonoros, cores, luzes, fumaça – e à atração principal, um carro conversível de Fakenewsson, que o tempo todo também faz parte do happening.
“Amor No Drive-In - Por Favor, Não Me Covid” é literalmente um deboche a tudo que vimos vendo, ouvindo – e obrigatoriamente ou não – vivendo, cujo objetivo maior é justamente sacudir as estruturas que, infelizmente, por uma pandemia, se veem superadas. “O espectador deixa de ser simplesmente observador e passa a ser celebrante, juntamente com o idealizador, elenco, e equipe técnica”, explica o diretor, ao vivo e a cores.
Um dos principais textos de Fakenewsson da Silva, após ter tido o insight observador – que, na visão de Darson, também será o do espectador:
“...você disse que tá querendo me dizer que eu ‘eu tenho um jeito estúpido de ser’ e que, por isso, nós juntos estamos tendo um conhecimento crítico sobre essa democracia inventada? Por meio de um sonho? Onde até um estilo musical é tratado como desmistificador do senso comum e que a Anitta é tão igualmente a-fi-na-da quanto Callas e que por isso Caetano a convidou pra cantar e nós tolos todos entoamos a garota de Ipanema vendo Gisele Caroline Bündchen atravessar o Maracanã enquanto a Amazônia queima em chamas apagadas apenas por baldes e os índios são desprotegidos pela FUNAI e ainda temos que dizer ‘preto’ pro ‘negro’ e homem cis pra mim, porque eu nasci assim e não tenho absolutamente culpa nem nada a ver com os outros gêneros todos, e que ninguém fala mais nada do assédio do Neymar? Nem do Itamar. Nem do Clodovil, que ninguém mais ouviu?”

“AMOR NO DRIVE-IN POR FAVOR, NÃO ME COVID”
Ficha Técnica:
Texto, idealização e direção geral: Darson Ribeiro
Elenco: Ken Kadow e Vanessa Goulartt
Participação Darson Ribeiro
Participação vocal de Tom Cavalcante como João Dória
Logomarca original: André Moia
Designer Gráfico e Comunicação: Torino Comunicação
Ambientação, Figurinos e Trilha: Darson Ribeiro
Ken Kadow veste Antrato
Vanessa Goulartt veste Arthur Caliman
Visagismo Claudio Germano
Arte de Superfície: Adriana Rizkallah
Iluminação: Rodrigo de Souza
Iluminotécnica: LPL Lighting Productions
Sonorização: Transasom
Coreografia: Fernanda Chamma
Operação de Luz e de Som: Vinicius de Souza
Transmissão: Paulo Sergio Mesquita Martins
Fotografia: Claudinei Nakasone
Assessoria de Imprensa: Vicente Negrão Assessoria
Produção: Teatro-D www.teatrod.com.br
Serviço:
Até 27/09/2020 quinta a sábado, às 21h e domingos, às 19h
Teatro-D | Rua Leopoldo Couto de Magalhães, 366 (cancela do Hipermercado Extra Piso G-2)
Ingressos: 120,00 (cento e vinte reais) por carro com VENDAS SOMENTE ONLINE pela SYMPLA
Informações: 11 3079-0451 OU 98561-4267 com Cris Ramalho e bilheteria@teatrod.com.br
Capacidade: ATÉ 25 carros
Classificação indicativa: Livre

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